O
Desaparecimento de João
Tenho atacado os sentimentos superficiais de
John Lennon, pois eles envenenam a humanidade.
IMAGINE A MÚSICA
DOIDONA DELE
(na superfície parece legal, água estagnada, na profundidade é lodo puro,
veneno)
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A MÚSICA TRADUZIDA.
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A QUE ELE QUERIA
DAR FIM.
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Imagine não haver o paraíso
É fácil se você tentar.
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Como já vimos repetidamente, o Paraíso é
Deus mesmo, o elemento subsistente não-finito.
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Nenhum Inferno abaixo de nós
Acima de nós, só o céu.
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Como está em minúsculas, ele está falando
do céu astronômico.
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Imagine todas as pessoas
Vivendo o presente.
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Como não existem passado e futuro, já
vivemos assim, as pessoas só não sabem.
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Imagine que não houvesse nenhum país.
Não é difícil imaginar.
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Países não são meramente lugares, são
separações de formações, crenças, fidelidades, confianças e se desaparecessem
quem nos defenderia das intrusões muçulmanas?
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Nenhum motivo para matar ou morrer.
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Matar não é bom, mas se nenhum de nós
morresse, como haveria evolução e mudança? O mundo congelaria nos valores de,
digamos, 30 séculos atrás, dos pagãos assassinos de crianças.
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E nem religião, também.
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Como são religiosos 80 % dos seres humanos,
você estaria decidindo antidemocraticamente por 6,0 bilhões de indivíduos,
suprimindo suas vontades independentes – seria a tirania.
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Imagine todas as pessoas
Vivendo a vida em paz.
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Guerra e paz constituem um par polar, não
podem ser separados sem a destruição do mundo evidente.
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Você pode dizer que eu sou um sonhador
Mas eu não sou o único
Espero que um dia você junte-se a nós
E o mundo será como um só.
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Tal mundo como um só seria a desastrosa
globalização imposta de cima para baixo, que tem trazido o caos ao planeta.
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Imagine que não ha posses
Eu me pergunto se você pode.
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Acabar com as posses parece bonito, mas isso
inclui seu lar, o automóvel ou ônibus de transporte, as pontes, as roupas, as
vacinas, os meios de comunicação – significa voltar à pré-história, mais
longe ainda, quando éramos hominídeos há 10 milhões de anos.
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Sem a necessidade de ganância ou fome
Uma irmandade dos homens.
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É bonitinho, porém suprime o conjunto de
nossas realizações, ainda que conflituosas.
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Imagine todas as pessoas
Partilhando todo o mundo.
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O PIB do mundo seria, digamos, de US$ 80
trilhões e vamos imaginar 8,0 bilhões de seres humanos, 10 mil dólares/ano
para cada um, digamos 800 dólares/mês: como o mundo é 50/50, metade pouparia
e retornaria à riqueza, metade gastaria e voltaria à pobreza. Além disso,
todas as belas obras (de modo nenhum sou a favor dos ricos, só vejo que têm
utilidade também) enferrujariam, colapsaríamos à miséria geral.
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Você pode dizer que eu sou um sonhador
Mas eu não sou o único
Espero que um dia você junte-se a nós
E o mundo viverá como um só
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A vantagem das utopias é que não temos de vivê-las,
estamos no complexo mundo que anseia por soluções completas e equilibradas, inacreditável
problema geral que não podemos resolver com a penada de João. O mundo não vai
viver como um só, nem deve, como coloquei em A Beleza da Desigualdade, vá ler, não é o que em geral pensariam.
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É um niilista, um destruidor, um corruptor de
valores – só os dele servem, só a imaginação dele (de Yoko) é válida. É porisso
que os artistas não podem conduzir o mundo, querem resolver coisas complicadíssimas
desconstruindo tudo. São falsas soluções, são imaginações simplórias: sem
dúvida tem utilidade, alegram a gente, contudo, não podem passar disso.
Vitória, quarta-feira, 12 de julho de 2017.
GAVA.
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