quarta-feira, 12 de julho de 2017


O Desaparecimento de João

 

Tenho atacado os sentimentos superficiais de John Lennon, pois eles envenenam a humanidade.

IMAGINE A MÚSICA DOIDONA DELE (na superfície parece legal, água estagnada, na profundidade é lodo puro, veneno)

A MÚSICA TRADUZIDA.
A QUE ELE QUERIA DAR FIM.
Imagine não haver o paraíso
É fácil se você tentar.
Como já vimos repetidamente, o Paraíso é Deus mesmo, o elemento subsistente não-finito.
Nenhum Inferno abaixo de nós
Acima de nós, só o céu.
Como está em minúsculas, ele está falando do céu astronômico.
Imagine todas as pessoas
Vivendo o presente.
Como não existem passado e futuro, já vivemos assim, as pessoas só não sabem.
Imagine que não houvesse nenhum país.
Não é difícil imaginar.
Países não são meramente lugares, são separações de formações, crenças, fidelidades, confianças e se desaparecessem quem nos defenderia das intrusões muçulmanas?
Nenhum motivo para matar ou morrer.
Matar não é bom, mas se nenhum de nós morresse, como haveria evolução e mudança? O mundo congelaria nos valores de, digamos, 30 séculos atrás, dos pagãos assassinos de crianças.
E nem religião, também.
Como são religiosos 80 % dos seres humanos, você estaria decidindo antidemocraticamente por 6,0 bilhões de indivíduos, suprimindo suas vontades independentes – seria a tirania.
Imagine todas as pessoas
Vivendo a vida em paz.
Guerra e paz constituem um par polar, não podem ser separados sem a destruição do mundo evidente.
Você pode dizer que eu sou um sonhador
Mas eu não sou o único
Espero que um dia você junte-se a nós
E o mundo será como um só.
Tal mundo como um só seria a desastrosa globalização imposta de cima para baixo, que tem trazido o caos ao planeta.
Imagine que não ha posses
Eu me pergunto se você pode.
 
Acabar com as posses parece bonito, mas isso inclui seu lar, o automóvel ou ônibus de transporte, as pontes, as roupas, as vacinas, os meios de comunicação – significa voltar à pré-história, mais longe ainda, quando éramos hominídeos há 10 milhões de anos.
Sem a necessidade de ganância ou fome
Uma irmandade dos homens.
É bonitinho, porém suprime o conjunto de nossas realizações, ainda que conflituosas.
Imagine todas as pessoas
Partilhando todo o mundo.
O PIB do mundo seria, digamos, de US$ 80 trilhões e vamos imaginar 8,0 bilhões de seres humanos, 10 mil dólares/ano para cada um, digamos 800 dólares/mês: como o mundo é 50/50, metade pouparia e retornaria à riqueza, metade gastaria e voltaria à pobreza. Além disso, todas as belas obras (de modo nenhum sou a favor dos ricos, só vejo que têm utilidade também) enferrujariam, colapsaríamos à miséria geral.
Você pode dizer que eu sou um sonhador
Mas eu não sou o único
Espero que um dia você junte-se a nós
E o mundo viverá como um só
A vantagem das utopias é que não temos de vivê-las, estamos no complexo mundo que anseia por soluções completas e equilibradas, inacreditável problema geral que não podemos resolver com a penada de João. O mundo não vai viver como um só, nem deve, como coloquei em A Beleza da Desigualdade, vá ler, não é o que em geral pensariam.

É um niilista, um destruidor, um corruptor de valores – só os dele servem, só a imaginação dele (de Yoko) é válida. É porisso que os artistas não podem conduzir o mundo, querem resolver coisas complicadíssimas desconstruindo tudo. São falsas soluções, são imaginações simplórias: sem dúvida tem utilidade, alegram a gente, contudo, não podem passar disso.

Vitória, quarta-feira, 12 de julho de 2017.

GAVA.

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