sábado, 15 de julho de 2017


O Andar de Cima

 

No livro de Luiz Felipe Pondé, Filosofia para Corajosos (Pense com a própria cabeça), 7ª edição, São Paulo, 2016, na página 29, ele coloca:

“Quem nunca leu nada não tem opinião sólida sobre nada, apena achismo, uma opinião vazia, como dizia Platão, quando fazia diferença entre ter opinião (doxa) e conhecer algo (episteme) ”.

Pegue o texto anterior a este, Filosofia em Primeira Peçonha para ver que no Brasil, principalmente, no mundo um tanto menos, chovem malcriações e xingamentos de todo tipo, inaudita violência, que não conhecíamos antes das redes sociais. Não são os 63 anos, sempre detestei isso; falávamos palavrões de forma contida; perto de pai e mãe ou qualquer pessoa mais velha ou de fora do grupo, nunca – escrever, jamais, exceto em situações especialíssimas. Não se trata de as novas gerações serem perversas, cada qual sempre acredita nisso.

Agora estamos vendo uma avalanche de palavrões na Web.

O “andar de cima”, os mais bem-colocados em riqueza, poder, fama e até beleza, mesmo as mulheres falam assim agora, vulgarizando tudo, quando antes o mal era a elitização.

Aqui quero falar de opinião/conhecimento.

QUADRO DOS OPERADORES

Iluminante.
8
Episteme, conhecimento.
Andares de cima, os que possuem formação vinda de fora ou autodidata.
Iluminados.
7
Santos-sábios.
6
Estadistas.
5
Pesquisadores.
4
Doxa, opinião.
Andares de baixo, os que são domesticados, a que se impõe métrica.
Profissionais.
3
Lideranças.
2
Povo.
1

Se o lado de cima anda de qualquer jeito, como se comportará o lado de baixo? Isso que estão fazendo não é democracia, é sujeira, patifaria. O lado de cima deve fazer as coisas com conhecimento de causa, com sabedoria, que o lado de baixo imitará com gosto, pois não quer piorar, quer melhorar – os pobres não desejam trabalhar afanosamente para chegar a miseráveis, querem chegar à classe média, esta a médio-altos e assim por diante.

Os de baixo querem conhecimento firme, não opiniões, que quaisquer uns estão dispostos a oferecer o tempo todo, estão ansiosos a “dar de graça”, como diz o povo. O povo olha esperançosamente para cima, querendo imitar gestos, roupas, procedimentos, alimentos – como disse Joãozinho Trinta, quem gosta de pobreza é intelectual. Os pobres olham os mais apurados, visando imitá-los em tudo.

Os de cima que andem certo na vida em tudo, com conhecimento. Candidatou-se, tem de cumprir as promessas.

Vitória, sábado, 15 de julho de 2017.

GAVA.

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