quarta-feira, 12 de julho de 2017


Newton a Cavalieri, Hook e Wren e o que Ele Fez Depois

 

                            Isaac Newton é essa figura extraordinária que todos justamente admiram, pois ele transformou seu presente, que dependia do passado em quase tudo, em futuro, em busca do amanhã. Mais que tudo que disseram dele, é principalmente um divisor na tecnociência: a.N. e d.N. (antes e depois de Newton).

                            Diz Richard Morris em seu livro, Uma Breve História do Infinito (Dos Paradoxos de Zenão ao Universo Quântico), Rio de Janeiro, Jorge Zahar, 1998, p. 62, sobre Hook e Wren: “A contribuição capital de Newton não foi, contudo, a invenção de uma lei da gravitação do inverso do quadrado. Seus contemporâneos, o cientista inglês Robert Hook e o arquiteto Christopher Wren, também perceberam que a lei da gravidade teria de ter essa forma. Se a descoberta da lei da gravidade é geralmente atribuída a Newton, é porque ele foi o único a possuir as habilidades matemáticas necessárias para demonstrar que, se a gravidade realmente decrescia com o quadrado da distância, disso se seguia que os planetas tinham órbitas correspondentes às elipses de Kepler”.

                            E de Cavalieri, na página 72: “Um dos primeiros a fazer uso de quantidades infinitamente pequenas, ou dos infinitésimos, como mais tarde passaram a ser chamados, foi Cavalieri, um matemático jesuíta que se considerava discípulo de Galileu. Cavalieri mostrou que era possível calcular os volumes de corpos sólidos mediante a suposição de que eram feitos de números imensos de lâminas infinitamente finas que chamou de ‘indivisíveis’. (...) Mas, embora não pudesse dar nenhuma explicação clara do que estava fazendo, deu um dos primeiros passos em direção ao conceito de infinitésimo”.

                            Como sabemos, Leibniz inventou o cálculo separadamente de Newton, embora alguns anos mais tarde; podemos imaginar agora que ambos beberam da mesma fonte, Cavalieri.

                            Há duas linhas maiores: 1) da astronomia; 2) da matemática.

                            Em cada uma é como uma árvore em que os ramos vão dar nos galhos e estes no tronco, que é Newton. Pelo lado da astronomia Newton é devedor de Copérnico, Kepler (onde está embutido Tycho Brahe), Galileu, Hook e Wren; pelo lado da matemática, de Cavalieri (ambos, Newton primeiro, 20 anos ou mais de diferença, Leibniz depois, sem saber de Newton, apoiaram-se nele e em seus infinitésimos). Newton disse nitidamente que se sustentou em “ombros de gigantes”, mas se disse quais não fiquei sabendo.

                            Veja que no quatro abaixo (*) marca a distância das meias vidas, em cada caso. Tomei esse conceito da akmé dos gregos, apresentação, quando a pessoa se mostra ao mundo; grosso modo afirmei que é no meio da vida de cada um (o que nem sempre será o caso). Isso ajuda a - sem dados mais precisos vindos dos estudos das bibliografias de todos e cada um (o que daria com precisão quando se tomou algo de alguém) – afirmar quem precedeu o outro. Veja na tabela abaixo que nosso herói (não existe nenhuma ironia nisso, ele é mesmo) Newton foi o último da seqüência. Contudo, os livros de geo-história das ciências não colocam a árvore de descendências (chamemos assim).

                            Newton foi prematura de sete meses, colocado no corredor para morrer, mas sobreviveu e virou tal fenômeno. Se ele não tivesse existido o mundo teria ido adiante? Sim e não. Existe crueldade em ambos os lados, em ambos os pólos do par polar oposto/complementar, na disputa entre personalistas (que afirmam os gênios como fundamentais) e os ambientalistas (que desconsideram sua presença como supersignificativa). Ora, se Newton não tivesse existido Leibniz ainda teria nascido várias centenas de quilômetros além e construído o cálculo vinte anos depois, ou mais, mas não teria juntado a astronomia e a física ao cálculo, carecendo este do campo de aplicação. Se Newton não tivesse vivido, Wren e Hook talvez prosseguissem, todavia não teriam tido o cálculo para incrementar suas conclusões.

                            Foi porisso que Newton foi um divisor de águas: PASSADO/FUTURO: antes e depois dele. Nele juntaram-se eficazmente física/astronomia e matemática (além de filosofia).

                            Se Lorde Keynes (que comprou os manuscritos alquímicos de Newton) disse deste que ele foi o “último mago”, o último caldeu, pode estar certo, porém Newton também foi o primeiro dos cientistas lúcidos, livre da Idade Média; porisso considerarei a data de sua akmé (1685) como o fim da Idade Média na Ciência: a partir daí findou o declínio e começou a ascensão do conhecimento autônomo da humanidade.

                            Como com Cristo (em outra conjuntura muito mais vasta), Newton foi simultaneamente o último da era anterior e o primeiro da era seguinte.

                            Vitória, domingo, 15 de agosto de 2004.

                           

O QUADRO DAS DATAS                     

PERSONA-GEM
NACIO-NALIDADE
ÁREA EM QUE TRABALHOU
VIDA
MEIA-VIDA
(Akmé)
*
Copérnico
Polonesa
Astronomia
1473-1543 (70)
1508
-177
Kepler
Alemã
Astronomia
1571-1630 (59)
1601
-84
Galileu
Italiana
Física e astronomia
1564-1642 (78)
1603
-82
Cavalieri
Italiana
Matemática e astronomia
1598-1647 (49)
1623
-62
Hook
Inglesa
Astronomia e matemática
1635-1703 (68)
1669
-16
Wren
Inglesa
Matemática e arquitetura
1632-1723 (91)
1678
-7
Leibniz
Alemã
Filosofia e matemática
1646-1716 (70)
1681
-4
Newton
Inglesa
Matemática, física, astronomia e filosofia
1642-1727 (85)
1685
0

                            NA Internet

Isaac Newton nasceu em 4 de janeiro de 1643 e, era tão pequeno, que quase morreu. Talvez ele tenha sido o maior gênio que já viveu. Filho único, seu pai faleceu 3 meses antes que ele nascesse e foi criado pelos avós maternos. Ele era um homem solitário, com poucos ou nenhum amigo e nunca se casou.

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