domingo, 16 de julho de 2017


Guerra Criadora

 

                            Para meu eterno pavor descobri na Rede Cognata que uma das traduções de guerra é CRIADORA = ÚTERO = ÁRVORE = CORTADORA = GERADORA, etc. Sempre tive raiva da guerra, porque ela destrói as preciosas pessoas e as obras ambientais. O nosso primeiro momento é esse de uma visão direta, instantânea, de repulsa por algo que fere.

                            Contudo, o modelo é impositivo, porque a soma zero dos pares polares opostos/complementares nos diz que o par paz/guerra é 50/50. Não é apenas a paz que constrói, não é apenas a guerra que destrói, pois cada par oscila diante de todos os outros, digamos alegria/tristeza, dor/satisfação e assim por diante. Há alegria na paz e na guerra, há tristeza na guerra e na paz. Há dor na paz e na guerra, há satisfação na guerra e na paz.

                            Acontece mesmo de tudo.

                            A guerra é tanto destruidora quanto criadora, a paz é tanto criadora quanto destruidora. E a maior novidade vem de a Rede Cognata (veja Livro 2, A Construção da Rede e da Grade Signalíticas) afirmar que a guerra é mais criadora que destruidora. Como eu já havia visto antes, rompendo os laços a guerra permite novas formações de alianças desimpedidas e crescimento noutros sentidos não-vistos e não-trilhados antes. Não só se cria o heterodoxo, porque são necessárias soluções novas, como se cria num ritmo muito mais agudo, porque imperioso que assim seja em vista das pressões dos adversários. O passado de antes de 1939, com seus compromissos mesquinhos, fechados sempre nas mesmas PESSOAS (indivíduos, famílias, grupos e empresas dominantes) e nos mesmos AMBIENTES (cidades/municípios, estados, nações e alianças mundiais preferenciais), abre-se depois de 1945 numa série de outras ligações. Seria interessante focar dessa forma, fazendo um livro com esse título “Antes de 1939 e Depois de 1945” com máquinas, aparelhos, instrumentos, casas, carros, aviões e o resto todo. Esse corte de seis anos significou, claro, rompimento com o passado; tudo que vinha antes teve de se enquadrar nos novos moldes inventados. Desafogou, por assim dizer. Desobstruiu de todos aqueles passados rançosos, sebosos, sufocantes.

                            A guerra em si pode ser ruim, mas que ela é criadora lá isso é mesmo; ninguém a deseja, mas quando ela vem é para criar novos cenários e novas pulsações. Ninguém a pede, mas cada um e todos agradecem seus produtos.

                            Vitória, sexta-feira, 27 de agosto de 2004.

Nenhum comentário:

Postar um comentário