Escola do Martelo
No livro de Lou
Marinoff (Mais Platão Menos Prozac,
A Filosofia Aplicada ao Cotidiano), 5ª edição, Rio de Janeiro, Record, 2002
(sobre original americano de 1999 – fez efeito lá três anos antes daqui e com
mais gente, pois as edições deles são maiores, pense nisso) ele diz na página
45: “Como
Abraham Maslow assinalou muito bem, se a única ferramenta em sua caixa de
ferramentas é um martelo, uma porção de coisas começam a parecer pregos”.
Essa é uma lição
duplamente preciosa, não só na face que é traduzível imediatamente da
compreensão, mas numa mais profunda, proporcionada pela Rede Cognata (veja
sempre o Livro 2, A Construção da Rede e
da Grade Signalíticas), já que martelo = MODELO = ESTUDO = ESCUDO =
EXÉRCITO, etc., várias traduções; e prego = PIRÂMIDE = PONTO, etc. Assim,
estudos-e-pontos estão coligados, como martelo-e-pirâmide, como chamei no
modelo da pirâmide. Uma ditadura do modelo seria totalmente indesejável, já que
a autoridade inflexível pára de produzir resultados (como vimos na ex-URSS),
levando à cristalização.
O forçamento dos
dados (pregos) a se encadearem ou alinharem ao coletor-de-dados enquanto conjunto
de informações (modelo) seria não apenas inadequada como principalmente
perigosa. Ninguém deseja que o modelo vença sem oposição: ele é ferramenta, um
dia será descartado. Manter as prerrogativas muito úteis de Newton não teria
deixado entrar Einstein e os avanços ulteriores. É eminentemente errado
manter-se fiel a uma coisa sem qualquer antecipação antiortodoxa, pois uma reta
sempre leva ao fundo do mar ou ao fundo de um precipício. Não tem jeito:
sempre. O modelo veio libertar os espíritos e não aprisioná-los. Não é do
interesse da humanidade reverência excessiva; esta só interessa aos clérigos do
sistema, que vivem das regras outrora úteis, consolidadas depois na
parafernália extrativa da pompa sacerdotal.
É um perigo total e
a preparação principal é a de evitar a todo custo essa solidificação.
Vitória, domingo, 15
de agosto de 2004.
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