sexta-feira, 14 de julho de 2017


Empresa de Empresas

 

                            Como os jornais vieram de trás, da prática e do amadorismo (sobreafirmação do amador) que fecham possibilidades nas linhas preferenciais trilhadas, cavando profundos sulcos dos vícios do olhar, as empresas também vieram de caminhos que se tornaram ortodoxias viciantes. Assim sendo, em geral elas não são vistas como PUROS CONJUNTOS DE SÍMBOLOS. Há um apego, por vezes irracional, de donos que as fizeram desde o início e que tem dificuldade de se desfazerem delas, mesmo quando nitidamente estão indo para o brejo e devem ser enterradas como improdutivas ou se tornaram mais consumidoras que produtoras de recursos ou já não tem aquele dinamismo das origens ou estão em ramos de negócios que já esgotaram suas tremendas potências iniciais. Enfim, elas não são tratadas como CICLOS OU ONDAS DE NEGÓCIOS e sim como emocionais apegos.

                            Se prosseguirmos em nossos intentos de colocar empresas ou firmas devemos assentar uma acima de todas, criando, comprando e vendendo empresas como as outras em geral fazem com objetos, pois isso as companhias são. Sem qualquer apelo sentimental adquirir e se desfazer de empresas que tenham se esgotado (obviamente preservando os empregados, garantindo que tenham melhorado de vida – e desde o início prevenindo-os do que estará em curso, para não serem enganados com o andar da carruagem). Se tal suprema empresa hipotética tivesse, digamos, mil outras sob seu controle poderia administrar esse patrimônio como se fosse um caderno de ofertas de associações, como um catálogo de empresas sem qualquer índice sentimental sufocante, aprisionador, pois o que se quer é a prosperidade geral (sócios, funcionários, governos, povos, elites, todos).

                            Guardar empresas falidas, assim como marcas que não rendem mais, é tolice; é certo que todos tiveram uma camisa que gostavam mais, porém se tivessem continuado com ela estariam agora vestindo roupas esfarrapadas de 30 anos atrás. Os administradores centrais devem ser purgados desses sentimentos (preservando sempre, como disse, a dignidade dos parceiros). Sem deixar de manter algum investimento nelas, pois é ciclo e algum dia voltarão a serem produtivas.

                            Vitória, quinta-feira, 19 de agosto de 2004.

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