Duas Telas
VIDAGAME
(em lugar de
videogame; poderia também ser JOGOVIDA, mas não divertiria tanto)
·
Um
roteiro bem estruturado porém comum, com corridas e perseguições à americana,
como se fosse um filme desses de policiais e bandidos (que é o faroeste de agoraqui).
Só que, depois de 2/5 do início decepcionantemente o artista principal morre -
um qualquer grande ator do cinema –, há game-over (jogo terminado) e se vê duas
figuras (humanas ou não), sempre muito avançadas, tirando os capacetes da
cabeça. Então se inicia a segunda fase do jogo, eles mesmos numa vida
corriqueira que se desdobra em ações, digamos de guerra ou outra qualquer, quem
sabe um drama histórico futuro, e a 4/5 do total também este termina, surgindo
um terceiro filme, do qual a conclusão só poderia ser, pela indução mais
simples, que se trataria também de VIDAGAME, uma loja de jogos “reais” de
imersão total a que as pessoas iriam para viverem TOTAL RECALL (reconvocação
total como em O Vingador do Futuro,
com Arnold);
·
INVENTANDO PAPAI: como se tivesse um prestigioso jovem
multibilionário do futuro encomendado um passado reconstruído do pai e da mãe,
passando-se esse filme como se veria num script bem construído; depois começa
outro, em que os mesmos personagens já vivem outras estórias, como se os
artistas de filmes atuais fossem pais e mães reconstruídos para jovens do nosso
futuro. E assim se vê uma loja em que tais reconstruções são compradas por
gente endinheirada. O rapaz lista as características que deseja, ao mesmo tempo
em que passa na tela do lado a vida real do pai e da mãe, naturalmente muito
mais simples e corriqueira. Será que não somos inventados por “deuses” que
desejam imagens melhores de si?
Acho que mais gente deveria se
empenhar em inventar roteiros divertidos para cinema, pois essa é uma das
maiores e mais perfeitas diversões.
Vitória, quinta-feira, 19 de agosto de
2004.
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