Dois Índices para o
Vestibular
DOIS ÍNDICES
·
Quantitativo ou absoluto: se há por ano 80 vagas para
engenharia mecânica e 1.600 candidatos o que cruzou o limiar ultrapassou 1.520
(o último lugar ainda está à frente de 1.520, enquanto o primeiro situa-se além
de 1.599);
·
Qualitativo ou relativo: nesse exemplo, a relação foi de
1.600/80 = 20/1 (de cada 20, 19 foram reprovados e um só passou).
Os cursinhos, que se vangloriam disso
e daquilo, não são muito precisos e não escrevem nas propagandas de qual dos
dois índices estão falando. Além disso, não sabemos se o aluno esteve repetindo
o ano (o terceiro), se fez pré-vestibular ou não, se repetiu este (e quantas
vezes), se vem de escola pública (com ensino deficiente) ou de escola privada
(onde os professores dão mais de si). Não estudamos as PESSOAS (indivíduos,
famílias, grupos e empresas), nem os AMBIENTES (cidades/municípios, estados,
nações e continente do mundo) de onde provém os alunos. Depois de tantas
décadas de vestibulares pouco sabemos sobre o processo. Não houve sintanálise
tecnocientífica. Com tantos dados, por quê não fomos capazes de apresentar mais
informações para debates? Com essa riqueza de dados dos conflitos
socioeconômicos do coletivo brasileiro, como é que nos deixamos ficar na
inércia?
Quantos são relativamente, da
quantidade que foi para a EM, em relação ao todo dos vestibulandos? Por quê
tantos vão para lá (claro, ganhar dinheiro, prestígio, tudo isso: mas por quê
isso?). Por quê tantos (1.520 em 1.600) se sujeitam a ficar reprovados para tentar
aquela vaga? O modelo, ao exigir as sucessivas separações, até de forma
automática, nos orienta para mais perguntas.
Vitória, quarta-feira, 04 de agosto de
2004.
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