domingo, 9 de julho de 2017


Dois Índices para o Vestibular

 

                            DOIS ÍNDICES

·       Quantitativo ou absoluto: se há por ano 80 vagas para engenharia mecânica e 1.600 candidatos o que cruzou o limiar ultrapassou 1.520 (o último lugar ainda está à frente de 1.520, enquanto o primeiro situa-se além de 1.599);

·       Qualitativo ou relativo: nesse exemplo, a relação foi de 1.600/80 = 20/1 (de cada 20, 19 foram reprovados e um só passou).

Os cursinhos, que se vangloriam disso e daquilo, não são muito precisos e não escrevem nas propagandas de qual dos dois índices estão falando. Além disso, não sabemos se o aluno esteve repetindo o ano (o terceiro), se fez pré-vestibular ou não, se repetiu este (e quantas vezes), se vem de escola pública (com ensino deficiente) ou de escola privada (onde os professores dão mais de si). Não estudamos as PESSOAS (indivíduos, famílias, grupos e empresas), nem os AMBIENTES (cidades/municípios, estados, nações e continente do mundo) de onde provém os alunos. Depois de tantas décadas de vestibulares pouco sabemos sobre o processo. Não houve sintanálise tecnocientífica. Com tantos dados, por quê não fomos capazes de apresentar mais informações para debates? Com essa riqueza de dados dos conflitos socioeconômicos do coletivo brasileiro, como é que nos deixamos ficar na inércia?

Quantos são relativamente, da quantidade que foi para a EM, em relação ao todo dos vestibulandos? Por quê tantos vão para lá (claro, ganhar dinheiro, prestígio, tudo isso: mas por quê isso?). Por quê tantos (1.520 em 1.600) se sujeitam a ficar reprovados para tentar aquela vaga? O modelo, ao exigir as sucessivas separações, até de forma automática, nos orienta para mais perguntas.

Vitória, quarta-feira, 04 de agosto de 2004.

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