sexta-feira, 14 de julho de 2017


As Páleo-Fozes e a Mineração do Futuro

 

                            Como visto em Globo das Páleo-Fozes, neste Livro 91, determinar onde elas ficam é crucial, é fundamental, é condição de embasamento do novo futuro. Porque, veja, o rio Amazonas, que é um consórcio, uma sociedade de rios, existe faz relativamente pouco tempo. Se o LAS, Lobato da América do Sul, existe há menos de 65 milhões de anos, o Amazonas é necessariamente mais jovem; na realidade, como demorou em levantar o solo e os páleo-rios ficaram por ai por longo tempo, ele deve ser bem recente no seu desenho final. Chutei que está pronto desde menos de um milhão de anos do fechamento inicial até 10 mil anos desde a conformação final. Os geólogos darão a palavra derradeira.

                            O rio Amazonas derrama uma quantidade inacreditável de água no mar a cada segundo; tal quantidade não é maior que a soma dos páleo-rios que deram origem aos novos rios cujo desenhos vemos hoje convergindo como tributários do grande rio. Ora, essas páleo-bacias levavam às páleo-fozes, na soma, água igual à do Amazonas hoje; ou mais, dado que nos interstícios interglaciais mais água derretida ia para a atmosfera e caía como chuva.

                            Assim, nas páleos-foz deve haver algo de muito volumoso, em termos de solo carreado pelos páleo-rios das páleo-bacias. Eles ficaram minerando por bilhões de anos e depositando quase sempre nos mesmos lugares, com pouca diferença de um ponto para outro. Suponha um cone cujo eixo esteja na vertical e o vértice para cima, com a base no fundo do páleo-mar: esse cone foi sendo trasladado lentamente para diante da proto páleo-foz de modo que, andando, criou um piso onde os depósitos foram sendo realizados. É como um cone que foi sendo arrastado sinuosamente. Há um páleo-assoalho desenhado no fundo do mar, onde encontraremos os depósitos. O Amazonas faz isso, como todos os rios fazem; acontece, porém, que no fundo do Atlântico atual, diante da Ilha de Marajó, onde está a superfoz do Amazonas, é mar com águas revoltas, sendo difícil minerar. Já em terra, não, porque a páleo-foz está estática, paradinha. Basta escavar em espiral para chegar ao fundo – os minerais não vão se mover, nem as ondas irão mover as escavadoras. Todas as vantagens sem desvantagem nenhuma. E são tantas páleo-fozes quanto os tributários do Amazonas: dezenas e dezenas de grandes tributários e, portanto, dezenas e dezenas de páleo-fozes.

                            Vitória, quinta-feira, 19 de agosto de 2004.

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