quinta-feira, 20 de julho de 2017


Aptidão Linguística e Conquista Ambiental

 

                            Supondo o par polar figura/ambiente (no caso psicológico/p.3 da Terra, pessoa/ambiente) geral 50/50, metade das construções do futuro são dadas pelas figuras e metade pelos ambientes. Não adianta colocar o ser humano no espaço sideral sem apoio ambiental: ele morreria.

                            Há também para as línguas uma Curva do Sino ou de Gauss ou das Distribuições Estatísticas; umas são mais e outras menos eficazes. Umas são mais aptas e outras menos aptas na luta pela sobrevivência. Será que poderíamos estimar quais estão num e quais no outro extremo? É claro que a língua determinará tanto o ambiente quanto este a ela. Assim, a língua alemã GERMANIZA o ambiente, ao passo que o ambiente de lá PEDE UM ESPECTRO de reações. Caso este não apareça, caso vá para lá uma língua macia mediterrânea, rapidamente ela se tornará nórdica, dura e ríspida, porque naquele ambiente só sobrevivem pessoas endurecidas. É de se pensar que o francês, romanizado na origem, tenha se mantido mais macio em Québec à custa da Igreja, que o romaniza. Se lhe fosse sobreposto o domínio inglês ou anglo-saxão ela se tornaria rude. Línguas do frio serão línguas sem amortecimentos que conduzem à brandura perigosa, em regiões em que a luta é muito mais intensa; planetas inteiramente gelados terão línguas rascantes e impiedosas, que combatem a fraqueza e o enternecimento.

                            Assim, AS LÍNGUAS SE AMBIENTALIZAM, tanto quanto os ambientes se adaptam às línguas. O ambiente brasileiro está todo sendo aportuguesado (abrasileirado, pois não é mais língua portuguesa pura, porque que lhe foram somadas as línguas indígenas e africanas, sem falar na introdução mais recente de palavras asiáticas). Se a língua inglesa fosse introduzida no Brasil poderíamos esperar duas coisas: a) o ambiente se anglicizaria; b) a língua se abrandaria. Daí, podemos ver que haverá línguas mais e menos aptas, conforme os ambientes.

Podemos também pensar em línguas mais ou menos complexas. Tanto as mais complexas quanto as mais simples se candidatarão à aptidão. As mais complexas promoverão a ascensão ao poder das elites (como na Alemanha e na França) e as mais simples a do povo (como nos EUA) por meio da elites representativas. No primeiro grupo os ambientes serão elitizados e no segundo popularizados. O que decorre da premissa sobre a abertura promovida por Cristo é que o grupo de base mais ampla promoverá a necessidade de maior número de soluções, levando a mais estudos. Assim, os EUA tenderiam mesmo a dominar; os outros tenderiam a ser dominados, a menos que se cristianizem, como França e Alemanha (depois de 1868 e de 1945 o Japão; depois de 1953 a Coréia do Sul; depois de 1986 a China) fizeram. Desse modo, a língua mais simples de todas, que pode ser entendida por quase todos, tende a conquistar todos os ambientes.

                            Razão pela qual toda nação que pretenda avançar deve CONSTRUIR UMA LÍNGUA POPULAR muito simples, mas segura, que seja entendida por todos (correspondendo ao programa amplo de fazer vazar as benesses a todos, sem restringi-las ao lado de cima). Não pode mantê-la no nível acadêmico, deve popularizá-la. O jeito de fazer isso é duplo: 1) simplificando-a ao número mínimo de termos; 2) escrevendo numerosíssimos livros de diversão (de modo que os populares a aprendam sem nem se darem conta; porque não é a forma ou gramática que conta e sim a estrutura ou sintaxe) muito baratos, que sejam levados a todas as casas.

                            Vitória, quinta-feira, 09 de setembro de 2004.

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