A Dieta de Fiona
Fiona é a princesa
Fiona do desenho animado Shrek I e II.
No primeiro ela está presa no castelo e em vez do príncipe bonitão acaba por
salvá-la um ogro-macho gordo e barrigudo, muito feio, como somos quase todos os
homens fora das telas de cinema. No decorrer da trama vê-se que a bela princesa
quando fora do feitiço é uma ogro-fêmea, gorda também, mas ela acaba se
apaixonando por ele e eles se casam no final do primeiro filme, no início do
segundo indo os dois até a casa do pai e da mãe dela (sogro e sogra dele), onde
serão apresentados a ele e vice-versa.
Há aí algum
simbolismo sobre as dieta-sanfona, pois a mocinha de cintura batida que era
princesa de repente é vista como uma gorda feia, um ogro insuportável (pelos
padrões falsificados de beleza deste mundo). Quem é que pode amar um ogro feia
e gorda senão um ogro feio e gordo? Mas não é só isso que conta, não é, porque
se fosse, como é que as pessoas que conhecemos teriam ficado juntas? Ou já eram
feias antes do casamento ou foram ficando depois. Mas é que várias coisas
contam no chamado “somatório geral”, como dizem os idiotas (ou “total todo”,
como dizem outros, idiotas também).
O
QUE É QUE CONTA NO CASAMENTO FELIZ E DURADOURO DOS OGROS? (Que somos quase todos nós, afinal de
contas)
·
Riso
(como é mostrado no filme);
·
Amor
profundo e respeito mútuo;
·
Ver
por debaixo da forma o conteúdo;
·
Segurança;
·
Companheirismo;
·
Aquelas
coisas todas conhecidas.
Quando todas essas coisas estão
presentes a dieta de Fiona, que a mantinha torturada dentro daquele corpinho de
mocinha, não é tão importante. A vida vai se fazendo boa de muitas formas.
Aquilo que é vendido pelos galãs e pelas belezas cinematográficas gerais não
passa de assombração – no final das contas uma violência contra a maioria. E é
isso que o filme brilhantemente denuncia: que a dieta de Fiona têm fim quando a
felicidade é encontrada.
Vitória, domingo, 22 de agosto de
2004.
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