domingo, 16 de julho de 2017


A Condenação pela Superabundância de Energia

 

                            Supondo que sejam verdadeiras as indicações dos Lobatos devem existir 10 em terra e proporcionalmente mais 20 no mar, 30 no total, cada um deles um mundo de petróleo e gás, este nos arcos vizinhos. Em vez de energia para mais 40 anos, até 2040, teríamos para mais 400 ou 600 anos, de 10 a 15 vezes tanto quanto.

                            Isso parece uma boa notícia, mas pode ser bem ruinzinha, porque sabemos que os impérios entram em decadência rápido quando as coisas se tornam muito fáceis. E vimos no modelo que o futuro é alcançado resolvendo problemas; se não há mais problemas não há mais futuro – decai-se e morre-se. Os conjuntos (no caso humano, PESSOAS: indivíduos, famílias, grupos e empresas; e AMBIENTES: cidades/municípios, estados, nações e mundo) que não resolvem problemas estão se candidatando a desaparecer. Talvez caiamos na prostração e no comodismo, o excesso de comodidade. A crise de energia de 1973 e a de 1980 nos levaram a aprimorar os instrumentos, objetos, máquinas e aparelhos; por exemplo, os carros passaram de média de consumo de 7 km/l para 14 km/l, pelo menos o dobro, enquanto na era de fartura anterior não melhoraram quase nada. Se a energia de petróleo estivesse por acabar em 2040, lá por 2020 o alarme seria disparado e em 2030 já teríamos uma solução, mesmo contando que haja aí uma margem de segurança de 20 ou 30 anos (quer dizer, o governo mundial diria que iria acabar em 2040, mas de fato acabaria mesmo em 2060 ou 2070, de modo que no perigo de 2030 ainda teríamos mais 30 ou 40 anos reais).

                            Seria bom fazer uma lista de países que tiverem em excesso e que nada tinham; posso apostar que os sem recursos os desenvolveram e que os que tinham em abundância caíram em seguida na submissão.

                            PODEMOS LEMBRAR ALGUNS CASOS

·       Portugal e Espanha, que tiverem excessivamente logo depois de 1500, foram dominados e viveram 350 anos de miséria em seguida a 1650;

·       Os árabes da atualidade estão gastando do capital do fazer alheio e perdendo tudo aquilo que a Natureza lhes deu;

·       Os índios brasileiros, que apenas precisavam colher o que a Natureza em abastança lhes entregava, nada produziram de útil;

·       Pelo contrário, os japoneses, com 65 % de seu território inacessível, com duas bombas atômicas rompedoras caindo sobre eles, sem recursos materiais e energéticos, desenvolveram uma cultura das mais pujantes;

·       Os do Norte geral, em especial os nórdicos, vivendo no meio do gelo, desenvolveram algumas das culturas mais avançadas da Terra.

Há uma quantidade de exemplos de um e outro lado, divirta-se procurando. Então, a questão é que a superabundância de energia pode destruir-nos, se a humanidade de fato não tiver ultrapassado a infância gastadora. Talvez esse seja um teste da Natureza; e, uma vez que a humanidade gaste, já não haverá para outros depois. A Natureza está jogando uma cartada decisiva ao entregar essa cornucópia aos filhos.

Esperemos que não seja o planeta condenado por sua burrice.

Vitória, sábado, 28 de agosto de 2004.

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