Samael Veste as Asas
Na seqüência de Adão Sai de Casa, Sama-El, o Mais-Alto,
Doze-Asas (que as pessoas chamam Lúcifer, portador-da-luz, amigo-de-Deus,
amante-da-traição na Rede Cognata – veja Livro 2, Rede e Grade Signalíticas), tendo já as doze imagina poder
completar e obter a coroação, a 13ª asa, que é só de ELI = ABBA = ALÁ,
Natureza/Deus, Ela/Ele, que deu o salto não-finito.
Então,
quando vai haver a luta Samael veste as doze asas como paramento de batalha.
Elas são como élitros de insetos, com artérias também de luz. O corpo de Samael
deve ser mostrado como luminoso, mas baço, de modo que é todo luz, porém luz
que não sai, que não vai além do corpo (isso é virtualmente impossível, porque
para ser vista a luz precisa sair), que brilha só no limite. No momento em que
veste as asas, essas, sim, brilham, ofuscam, pois são de ELI, emprestadas aos
racionais, inclusive a ele. Os quatro arcanjos que vão disputar com ele, pelo
contrário, vestem apenas uma asa central, que desce nas costas, pelo centro,
mas é aquela 13ª. Samael sabe perfeitamente que está condenado, mas não se
rende, é parte do ensinamento que ele persista.
Os anjos menores têm
todo tipo de asas: duas, quatro, seis, oito, dez – menos doze e treze – e
constituem grupos que vão lutar contra os anjos negros do opositor.
Serão então como
duas árvores que se confrontam, os galhos tocando-se e morrendo, explodindo
mundos e galáxias, com alguma valsa para indicar bailado celeste, digamos a Última Valsa, de Strauss, ou qualquer
conjunto útil. Tudo é muito belo, embora terrível de se ver, e não há palavras,
só ação, que se desdobra em ações humanas, em lutas de toda a Vida, por toda o
tempo do universo, bilhões de anos, em vários níveis – vulcões explodindo,
enchentes, sublimações, Natal, coisas da vida. As miríades de anjos lutam nos
primórdios sem palavras, concentradíssimos. Claro, ELI poderia derrotar Samael
instantaneamente, mas há um ensinamento a fazer e há algo a aprender. As
legiões de Satanás finalmente são escorraçadas e ele é precipitado, sangrando,
podadas suas asas (mas não seu conhecimento, que teve enquanto dispunha delas),
ficando só os tocos cicatrizados, ele de cabeça arriada, dá dó de ver, como um
filho rebelde muito querido. Um dia ele voltará de sua dor.
Vitória, domingo, 08
de fevereiro de 2004.
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