sábado, 13 de maio de 2017


Os Primeiros-Artistas

 

                            Se os mundos vão de um a cinco, as figuras do Conhecimento (magos/artistas, teólogos/religiosos, filósofos/ideólogos, cientistas/técnicos e matemáticos) também vão, bem como, em especial, os tecnocientistas, em particular os cientistas (primeiros físicos-químicos, primeiros biólogos/p.2, primeiros psicólogos/p.3, primeiros informáticos/p.4, primeiros cosmólogos/p.5, primeiros dialógicos/p.6).

                            Iremos falar aqui particularissimamente dos primeiros artistas, os artistas mais altos do primeiro mundo, aqueles que estão (em 220 estimadas) nas primeiras 44 nações (pelos vários critérios), os que sofrem pressões de todos e onde há maiores necessidades e urgências, maiores tensões, que permitem a eles avançar propostas revolucionárias que não encontrariam abrigo em outras regiões, nisso desfavorecidas.

                            No terceiro mundo, como no Brasil, só os terceiros-artistas se projetam, só eles encontram amparo, apoio, guarida, abrigo, compreensão. Os quartos e os quintos-artistas são objeto de deboche e os primeiros e segundos-artistas são obrigados a ir embora, para o primeiro e segundo mundos, porque aqui suas propostas são consideradas avançadas demais – “e se elas fracassarem, hem? ”, perguntam os idiotas, como se o fracasso não estivesse mesmo na ordem do dia. Pois, como dizem, só não fracassa e não erra quem não tenta. Em todo caso no terceiro mundo quase que só vingam as terceiras-iniciativas dos terceiros-artistas, dos terceiros-cientistas, dos terceiros-ideólogos, de tudo que é de terceira.

                            Contudo, se alguns primeiros e segundos-artistas não ficassem, como é que o terceiro mundo passaria a primeiro? Em algum momento há algumas almas resistentes que ficam e mudam o rumo das coisas. Se Jesus tivesse ido cumprir sua missão em Roma Israel jamais teria tido projeção; se Gandhi não tivesse voltado à Índia certamente esta teria menos prestígio. De forma que em algum tempo muda realmente, muda radicalmente e é isso que é interessante: embora os primeiros e segundos-artistas que foram embora e fizeram fama alhures sejam glorificáveis os que ficaram são ainda mais.

                            Vitória, quarta-feira, 11 de fevereiro de 2004.

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