Os Primeiros-Artistas
Se os mundos vão de
um a cinco, as figuras do Conhecimento (magos/artistas, teólogos/religiosos,
filósofos/ideólogos, cientistas/técnicos e matemáticos) também vão, bem como,
em especial, os tecnocientistas, em particular os cientistas (primeiros
físicos-químicos, primeiros biólogos/p.2, primeiros psicólogos/p.3, primeiros
informáticos/p.4, primeiros cosmólogos/p.5, primeiros dialógicos/p.6).
Iremos falar aqui
particularissimamente dos primeiros artistas, os artistas mais altos do
primeiro mundo, aqueles que estão (em 220 estimadas) nas primeiras 44 nações
(pelos vários critérios), os que sofrem pressões de todos e onde há maiores
necessidades e urgências, maiores tensões, que permitem a eles avançar
propostas revolucionárias que não encontrariam abrigo em outras regiões, nisso
desfavorecidas.
No terceiro mundo,
como no Brasil, só os terceiros-artistas se projetam, só eles encontram amparo,
apoio, guarida, abrigo, compreensão. Os quartos e os quintos-artistas são
objeto de deboche e os primeiros e segundos-artistas são obrigados a ir embora,
para o primeiro e segundo mundos, porque aqui suas propostas são consideradas
avançadas demais – “e se elas fracassarem, hem? ”, perguntam os idiotas, como
se o fracasso não estivesse mesmo na ordem do dia. Pois, como dizem, só não
fracassa e não erra quem não tenta. Em todo caso no terceiro mundo quase que só
vingam as terceiras-iniciativas dos terceiros-artistas, dos
terceiros-cientistas, dos terceiros-ideólogos, de tudo que é de terceira.
Contudo, se alguns
primeiros e segundos-artistas não ficassem, como é que o terceiro mundo
passaria a primeiro? Em algum momento há algumas almas resistentes que ficam e
mudam o rumo das coisas. Se Jesus tivesse ido cumprir sua missão em Roma Israel
jamais teria tido projeção; se Gandhi não tivesse voltado à Índia certamente
esta teria menos prestígio. De forma que em algum tempo muda realmente, muda
radicalmente e é isso que é interessante: embora os primeiros e
segundos-artistas que foram embora e fizeram fama alhures sejam glorificáveis
os que ficaram são ainda mais.
Vitória,
quarta-feira, 11 de fevereiro de 2004.
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