sábado, 13 de maio de 2017


O Volume de Conversa das Mulheres

 

                            Como vimos no Modelo da Caverna dos homens (machos e pseudofêmeas) caçadores e das mulheres (fêmeas e pseudomachos) coletores, a Voz da Mulher é volumétrica e plana, a Voz do Homem é linear e pontual.

                            Como mínimo isso quer dizer que as mulheres não falam uma-a-uma, mas uma-a-muitos, porque ficavam nas cavernas as mulheres, os velhos e as velhas (é porisso que têm nome diferentes: não são mais considerados nem homens nem mulheres), os doentes, os inválidos, os anões e as anãs, as crianças, os gatos e os cachorros pequenos, um grupo imenso. Idealmente metade, pois a soma foi posta pela Natureza em 50/50, isto é, H + M = homens + mulheres = 100. Acontece que ficavam os meninos, mais os gatos, mais os cachorros pequenos, mais a criação que estava sendo domesticada, MAIS os vários entes que não falam: fungos, plantas, animais, primatas, antropóides. Então, em relação aos homens, que seriam metade da metade, 25 % idealmente, ainda devemos somar todas as pseudo-racionalidades, com quem as mulheres travariam um diálogo virtual, um falso diálogo. Pode ser que a quantidade de vozes administráveis pelas mulheres estivesse na proporção de 90/10 com as dos homens que, além disso, falam muito menos, durante menos tempo, com maior economia, porque não faz sentido ficar palreando, tagarelando diante das feras. Os homens foram empurrados pela evolução-revolução-reevolução (avanço-salto-reavanço) para o silêncio relativo, pelo menos durante os períodos de caça (como o trabalho diário pode ser considerado assim, a tendência dos machos e pseudofêmeas é conversar pouco enquanto se encontram nos escritórios e nas fábricas, o que pode ser testado).

                            Assim sendo, as mulheres tinham VÁRIOS VETORES DE VOZES, um para cada tipo de morador (para os guerreiros ausentes, para os guerreiros presentes, para as mães com filhos, para as mães sem filhos - recém-desbarrigadas -, para as que não tinham filhos - as detestadas inférteis, que comprometiam a fama da caverna -, para os meninos queridões das mamães, para as meninas competidoras por esperma, etc.), e deviam identificar em volta da caverna (sem falar dentro dela) as posições relativas de todos os falantes e dos não-falantes. Devem ser capazes (depois de dez milhões de anos de treinamento hominídeo) de ouvir em vários planos, sabendo pelas distâncias, tom, confronto com o vento e outros índices localizar este ou aquele falante, os rios, as flores, todas as VOZES DOS SENTIDOS (de fato, o cérebro delas – é o que eu esperaria – deve ter uma riqueza de sentidos que nem se compara com a pobreza masculina).

                            Vitória, quarta-feira, 11 de fevereiro de 2004.

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