sexta-feira, 12 de maio de 2017


Jesus Vê um Futuro

 

                            Na série sobre Jesus, no episódio da tentação no deserto, em que ele jejua durante 40 dias e 40 noites (sugeriremos que aprendeu com iogues visitantes do Egito, quando esteve lá – siga os textos deste Livro 65), o diabo o tenta e como para Buda debaixo da árvore em O Pequeno Buda (1993, com Keannu Reeves), de Bernardo Bertolucci (italiano, 1940), Jesus também confronta uma face sua, uma possibilidade, que ele naturalmente recusa, como sabemos da geo-história.

                            Essa face é Deus aparecendo com o Primeiro Tentador, o Demônio, e quando ele se volta e fica de frente para o espectador sorri e ri, mas Jesus, não podendo ver a face, sorri também, moderadamente, porque SE VENCEU, no maior dos testes, de recusar o poder (que, porisso mesmo, é dele).

                            Quanto ao Demônio, mostra-lhe o tempo futuro, tudo que poderia ter, coisas do nosso passado e inclusive coisas da nossa época, carros de milhões de dólares, bem como coisas do nosso futuro em computação gráfica – todas as riquezas ou recursos ou doenças da Terra. O corpo de Jesus revoluteia no ar, dançando como que numa valsa, arrebatado (taken), como que fluindo os prazeres, enquanto do outro lado é mostrado o futuro que ele realmente seguiu, o da cruz e das dores indizíveis, para o qual ele caminha com grande esforço, passando ao outro lado da tela.

                            Para chegar a essa fase da tentação deve-se colocar uma Curva do Sino, com a fome e sede moderadas iniciais tornando-se terríveis, excruciantes, lancinantes, aflitivas e dolorosas demais, até chegar no patamar e começar a declinar, com entorpecimento posterior e alucinações (que serão as explicações que satisfarão os incrédulos e céticos; médico-biológicas). Depois se mostrará a volta dele, lentamente se recuperando, magérrimo (não há quem agüente, perdendo 2,5 mil calorias por dia durante 40 dias, 100 mil nesse tempo). E é o que finalmente o convence, pois JC sabe que a soma é zero: se tanto é oferecido, do outro lado haveria indizível sofrimento humano.

                            Vitória, domingo, 08 de fevereiro de 2004.

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