sexta-feira, 12 de maio de 2017


Fazendeiro Urbano

 

                            Com o crescimento do número de humanos (agora em 6,3 bilhões), da quantidade de cidades, da urbanização (mesmo no campo), de toda facilidade, com a exponencialização da literalização – que coloca a mídia (TV, Revista, Jornal, Rádio, Livro e Internet) produzindo e reproduzindo palavras, palavras, palavras – os seres humanos logo começarão a sufocar, imersos em montanhas de palavras. O oposto virá, como dizem a dialética, o TAO e o modelo; o ciclo trará o contrário, o campo, de uma forma muito doce, pois inventada e romantizada.

                            Quem conseguisse guardar terrenos, suprimindo-os à especulação imobiliária para criar em volta das cidades (depois os terrenos estarão inseridos na área urbana em crescimento acelerado) oportunidades de visitação, fazendo disso empresa ou empreendimento de grande vulto, em todas ou na maioria das cidades grandes do mundo, colocando as ações em bolsa, teria em breve tempo uma multinacional muito poderosa, pois com toda certeza os seres humanos ficarão angustiados, pagando qualquer preço para estar no campo, especialmente com os confortos das cidades.

                            Particularmente, pequenas fazendas, fazendolas, podem ser preparadas para isso que dá o título: os “fazendeiros urbanos”, aqueles que vivendo na cidade querem ir a sua “fazenda” de final de semana. Não isso de sítio de agora, mas fazendas-bibelô, fazendas-modelo a serem exibidas como se mostra uma jóia, um brinquedo de gente grande, com todo tipo de conformação diferente, destacando esta ou aquela, com desenhos especialíssimos, brilhantes, categoricamente distintos, pagando-se por esses terrenos de sonho verdadeiras fortunas em leilões. Será um mundo novo, que não podemos ver ainda completamente. Centenas, milhares de tais fazendas, produzindo pequenas cotas disso e daquilo, dando lucro moderado, com tantos capatazes empregados, com trabalhadores especializados, lucro que será uma fração minúscula dos ganhos da cidade.

                            Uma supermultinacional, uma hipernacional, para criar essa palavra representativa (ainda mais podendo ficar sócia de metade das terras, convencendo os parceiros de que eles podem querer vender ao se cansarem, ou podendo usufruir lucros maiores, vendendo e revendendo e podendo ter e ver outras propriedades, em sistema de troca intensa; e visitando uns aos outros).

                            Vitória, segunda-feira, 09 de fevereiro de 2004.

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