Fazendeiro Urbano
Com o crescimento do
número de humanos (agora em 6,3 bilhões), da quantidade de cidades, da
urbanização (mesmo no campo), de toda facilidade, com a exponencialização da
literalização – que coloca a mídia (TV, Revista, Jornal, Rádio, Livro e
Internet) produzindo e reproduzindo palavras, palavras, palavras – os seres
humanos logo começarão a sufocar, imersos em montanhas de palavras. O oposto
virá, como dizem a dialética, o TAO e o modelo; o ciclo trará o contrário, o
campo, de uma forma muito doce, pois inventada e romantizada.
Quem conseguisse
guardar terrenos, suprimindo-os à especulação imobiliária para criar em volta
das cidades (depois os terrenos estarão inseridos na área urbana em crescimento
acelerado) oportunidades de visitação, fazendo disso empresa ou empreendimento
de grande vulto, em todas ou na maioria das cidades grandes do mundo, colocando
as ações em bolsa, teria em breve tempo uma multinacional muito poderosa, pois
com toda certeza os seres humanos ficarão angustiados, pagando qualquer preço
para estar no campo, especialmente com os confortos das cidades.
Particularmente,
pequenas fazendas, fazendolas, podem ser preparadas para isso que dá o título:
os “fazendeiros urbanos”, aqueles que vivendo na cidade querem ir a sua
“fazenda” de final de semana. Não isso de sítio de agora, mas fazendas-bibelô,
fazendas-modelo a serem exibidas como se mostra uma jóia, um brinquedo de gente
grande, com todo tipo de conformação diferente, destacando esta ou aquela, com
desenhos especialíssimos, brilhantes, categoricamente distintos, pagando-se por
esses terrenos de sonho verdadeiras fortunas em leilões. Será um mundo novo,
que não podemos ver ainda completamente. Centenas, milhares de tais fazendas,
produzindo pequenas cotas disso e daquilo, dando lucro moderado, com tantos
capatazes empregados, com trabalhadores especializados, lucro que será uma
fração minúscula dos ganhos da cidade.
Uma
supermultinacional, uma hipernacional, para criar essa palavra representativa
(ainda mais podendo ficar sócia de metade das terras, convencendo os parceiros
de que eles podem querer vender ao se cansarem, ou podendo usufruir lucros
maiores, vendendo e revendendo e podendo ter e ver outras propriedades, em
sistema de troca intensa; e visitando uns aos outros).
Vitória,
segunda-feira, 09 de fevereiro de 2004.
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