segunda-feira, 15 de maio de 2017


Escola de Alexandria

 

                            O nome Biblioteca de Alexandria (fundada pelo general de Alexandre Magno Ptolomeu I Sóter, Salvador - o primeiro dos ptolomeus, 367 a 283 a.C., 84 anos entre datas –, mais provavelmente em 284 a.C., por instigação de Demétrio Falero ou Faleiro), da biblioteca situada na antiga cidade egípcia de Alexandria (fundada por Alexandre em 332 a.C.), não dá a dimensão real das coisas. Para outras abordagens, Biblioteca de Alexandria, Livro 17, e Biblioteca Demétrio Falero, Livro 16. Foi pilhada por Júlio César em 47 a.C., depois incendiada por três vezes, em 272 por ordem do imperador romano Aureliano, em 391 pelo imperador romano-oriental de Constantinopla Teodósio I, que a arrasou junto com outros edifícios, e pelo mais desastrado de todos, o califa Omar em 646, tendo, portanto, durado mais de 900 anos. Que biblioteca pode pretender fama mais imorredoura que a dela? Mas outros dizem que ela durou apenas até 416; mesmo assim será um feito de quase 750 anos. Em 2002 a ONU e o governo egípcio inauguraram a Biblioteca Alexandrina em homenagem à mais antiga, numa cidade que agora tem 5,5 milhões de habitantes (em 1986 tinha 3,0 milhões; veja só como cresce rápido).

                            Junto dela existia o Museu de Alexandria e em conjunto eles faziam na realidade uma universidade, a primeira digna de tal nome que o mundo já teve e que, veja, durou pelo menos 750 anos. Não era bobeira, era uma coisa nobre, a maior instituição dos tempos antigos e de onde o saber elevado se espalhou por toda parte, fazendo a ponte para Constantinopla (pensar que Teodósio não raptou os livros, como antes fizera César, é besteira), de onde o conhecimento acumulado se espalhou em toda a volta. Não é apropriado dizer Universidade de Alexandria, tal nome devendo ser reservado apenas às instituições contemporâneas, não cabendo para as demais, porque a estrutura era outra – mas foi o mais perto que os antigos puderam chegar. E certamente era poderosa, para sua época; tanto mais terá sido quanto tantos imperadores e um califa fizeram questão de destruí-la, por ver nela a disseminadora potencial da inquietação e da capacidade de contestação. Não é certo que os ditadores militares atacam primeiro as universidades e as bibliotecas?

                            É preciso rever essa que chamaremos apropriadamente de ESCOLA DE ALEXANDRIA, investigando-a mais a fundo.

                            Vitória, domingo, 15 de fevereiro de 2004.

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