sexta-feira, 12 de maio de 2017


Engolindo o Mediterrâneo

 

                            Nos textos sobre petróleo no modelo, posteridades e ulterioridades e nos livros (siga a trilha a partir de As Extinções e o Petróleo, Livro 4, para frente e para trás) vimos a questão das placas tectônicas, mas ficou pendente na minha cabeça a questão do Mar Mediterrâneo, pois há quatro possibilidades, como em tudo: 1) as duas empatarem e nada acontecer; 2) A subir e B descer; 3) A descer e B subir; 4) ambas mergulharem no manto.

                            No caso de uma subir ela deve ter cadeias de montanhas, enquanto a outra, que está afundando no mar, não terá e é o que acontece nos Andes na América do Sul e nas Montanhas Rochosas, nos EUA. Mas no Mediterrâneo isso não acontece PORQUE há montanhas dos dois lados e eu não conseguia atinar com o motivo, mas agora é claro, é transparente: DOS DOIS LADOS ESTÃO MONTANDO.

                            Ou seja, tanto a África quanto a Europa estão montando, elas não se depararam ainda uma com a outra, porisso há cadeias de montanhas tanto em uma quanto em outra. Na África é a Cadeia do Atlas, do Marrocos para a direita. Na Europa são os Alpes, num arco que vai da Espanha à Turquia. Então, ambas as placas estão montando sobre uma terceira, acima da qual resta o Mediterrâneo atual, que já foi muito maior e está sendo engolido, no futuro nada restando dele. Ele está sendo diminuído constantemente e fatalmente as Colunas de Hércules - entre a Espanha na Europa e o Marrocos na África - irão desaparecer, fechando-se o Mediterrâneo para sempre, tornando-se um mar sem abertura para o Oceano Atlântico, constituindo-se doravante um ecossistema fechado. Em “breve”, alguns milhares de anos, talvez, no máximo milhões, a abertura estreitará e fechará completamente. Vários milhares de anos atrás partes que estão agora emersas da África no Egito estavam no fundo do mar; é porisso que o Saara, onde já ocorreram chuvas a ponto de lá haver no passado relativamente recente lagos e vida abundante, secou completamente – ele está cada vez mais distante do mar e das chuvas. Mais tarde o arco de montanhas do Atlas fechará em cima, estendendo-se por cima do Egito até a Arábia Saudita, sendo então na África o que os Alpes são agora na Europa: uma cadeia contínua. Todo o petróleo que está no fundo do mar nunca subirá; mas certamente é muito, porque aquele páleo-oceano tem bilhões de anos. Na medida em que a África subiu de onde estava para o Norte-Nordeste e a Europa veio ao seu encontro os dois continentes começaram a tampar ou vedar o antigo mar aberto.

                            Vitória, quarta-feira, 11 de fevereiro de 2004.

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