quinta-feira, 18 de maio de 2017


Aquele Gigantesco Prêmio

 

                            Durante várias décadas esperei ardentemente um prêmio tão grande quanto imaginava estavam sendo valiosos os meus esforços, como, penso, acontece com tanta gente; então deparei com o que chamarei de “argumento infinito”, pois se o não-finito se opõe na soma zero de pares polares opostos/complementares, então no não-finito, em algum momento, há um salto não-finito de completamento dos doze nós da pontescada científica (Física/química, Biologia/p.2, Psicologia/p.3, Informática/p.4, Cosmologia/p.5, Dialógica/p.6), dentro do Conhecimento (Magia-Arte, Teologia-Religião, Filosofia-Ideologia, Ciência/-Técnica) e Matemática, por esse ente irredutível que é chamado Deus, tornando-se ele Um com a Natureza e completando o círculo.

                            Vai daí que não tem importância resolvermos os problemas PORQUE, dado que o universo existe é porque ele foi criado (pelo acaso da Natureza ou pela necessidade de Deus, ou ambos); tendo sido criado as soluções foram postas antes mesmo de nos fazermos as perguntas, ou seja, no não-finito elas existem desde sempre. Toda satisfação de re-solver os problemas a nada mais se refere que a uma segunda solução, re-solução, pois uma primeira já houve. Tudo que resolvermos já terá sido resolvido antes, não somos mais que macacos repetidores.

                            Na realidade, tal argumento obstaculizou toda a minha existência e por pouco não parei tudo, mesmo, porque já não fazia sentido. Ficou só o compromisso da inércia e de gostar de alguns, pois tudo parecia orgulho dos tolos, e é, mas também é convivência, uma vez que convivemos – tudo é imensamente gratuito, por nada, por cada prazer que cada um tenha e queira ter, porque no fundo nada importa, mesmo. Ainda que, estando na carne, de algumas coisas possamos gostar.

                            Daí aquele prêmio gigantesco deixou de fazer qualquer sentido e de ter qualquer urgência.

                            Vitória, domingo, 22 de fevereiro de 2004.

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