Adão Chora
Apoiando-se em O Imponente Senhor dos Raios, neste
Livro 67, na seqüência da coletânea Adão
Sai de Casa - depois de frisar a grande dimensão de Adão/Zeus - em certo
momento Adão senta sozinho numa cama qualquer num dia qualquer, põe as mãos no
rosto e chora desbragada e copiosamente, como uma cachoeira vertendo água.
É que ele fica com
saudade irresistível de seu Pai, Deus, e de remorso e dor pelo erro de Eva,
chora, chora, chora, embora seja esse homem imenso, chora, deita a cabeça para
frente e chora, o que deve ser bem marcado para mostrar como Deus vira as
costas em punição completa e irresistível, porque não é ofensiva, não bate, não
magoa, não machuca, não fere a carne – é apenas repugnância pelo erro.
Lembra-se do planeta Paraíso, na estrela Canopus (mais de 300 anos-luz do Sol)
e chora, chora sem parar, em grandes soluços. Eva chega ao outro lado da porta,
percebe tudo e chora também, baixinho, pois foi ela a culpada de optar pelo
Serpente e, portanto, pelo banido Sama-El Doze-Asas.
E Adão fica ali,
desconsolado, mortalmente ferido em sua alma, incapaz de fugir ao sentimento de
abandono, à dor de ter sido expulso de onde nenhum trabalho tinha de fazer,
porque tudo lhe caía nas mãos no planeta artificial. Relembra passagens antes
da chegada de Eva, lembra da paixão por ela, lembra de seu pedido a Deus de lhe
dar uma companheira, lembra da traição, lembra dos anjos postados com a Espada
Flamejante impedindo o caminho de volta, lembra o exílio, lembra de tudo em
relâmpagos e chora, chora, chora, poderoso homem de centenas de anos, mas chora
de saudade incontida da separação da comunhão com seu Pai, Deus. E então,
errando ainda e com base em sua dor vai instalar nos padres a idéia de a
religião monoteísta ser mais tarde dirigida unicamente a seu Pai, Deus, e não à
Grande Mãe, cuja representante, Eva, pôs tudo a perder. Claro, errou, mas tudo
é para maior glória de Natureza/Deus, Ela/Ele, ELI = ABBA = ALÁ.
Vitória, domingo, 22
de fevereiro de 2004.
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