domingo, 14 de maio de 2017


Abraão Olha para Trás

 

                            Como vimos em O Último dos Atlantes (Livro 64), na coletânea Adão Sai de Casa, propus que Abraão filho de Taré tenha sido o último dos adâmicos descendentes de Adão e Eva, via Set, que viveram na Terra de 3,75 mil antes de Cristo, quando o casal celeste chegou, até 1,60 mil a.C., quando Abraão morreu.

                            Ou é verdade ou será a base de uma filme e seriado muito potentes, caso venham à tona.

                            Agora, pense na tristeza de Abraão ao olhar para trás e ver o fim de sua raça, o desaparecimento completo dela nele, sua descendência não vivendo mais que 120 anos, quando ele terminou seus dias aos 175, Adão viveu 930 e Matusalém 969 anos! Olhar para trás, para a glória passada, e olhar para frente, para o tempo ignoto, não sabendo se ele e seus antepassados irão ou não despertar do longo sono (pois certamente foram “embalsamados”, postos em sarcófagos que depois os humanos imitaram, e emparedados nas pirâmides, para não se sabe quantos milhares de anos de sono, até agora 3,6 mil). Lá para trás estão 2,15 mil anos gloriosos, anos de trabalho e de brilho, e para frente somente miséria e terror. Ele deve ter sido tomado de pânico total. E ainda mais quando Deus lhe diz para sacrificar seu único filho, o único que, mesmo não mais atlante, ainda teria ligação com ele (não é àtoa que muitos povos se dizem descendentes de Abrão, o Patriarca, porque através dele tem esperança de se ligarem a Adão e seu projeto).

                            Devendo sair da terra ancestral em Ur e Uruk (do Vaso de Warka), na Suméria, hoje Iraque, para ir ao estrangeiro com Taré já velho e todos os de sua casa, abandonando qualquer ancestralidade, qualquer gênero de ligação com o passado, ou seja, sem passado (porque a raça adâmica estava acabando nele), sem presente (tendo abandonado sua terra) e sem futuro (sem saber para onde estava indo), confiando somente na promessa de Deus, Abraão tinha uma fé imensa– vá ter fé assim lá longe!

                            Foi mesmo um sujeito admirável, é ou não é?

                            Esse ponto deve ser superfrisado no filme, de modo que as pessoas sintam mesmo a superfigura de Abraão como um marco, um zero de uma construção, a pedra fundamental de algo.
                            Vitória, segunda-feira, 16 de fevereiro de 2004.

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