domingo, 14 de maio de 2017


A Viagem da Mulher

 

                            Seguindo a trilha de A Expansão dos Sapiens vimos na coletânea, falando do Modelo da Caverna, que as mulheres (fêmeas e pseudomachos) coletoras, contrariamente aos homens (machos e pseudofêmeas), têm procedimentos muito mais demorados e cuidadosos e que seus carros serão diferentes, os chamados carros-caverna, carros-casa. É que ao sair elas devem levar a casa consigo, o que idealmente significa todo um estoque: roupas, vasilhas, uma quantidade imensa de coisas, isso que na modernidade é representado pelas muitas malas.

                            Assim, ao levar as mulheres os homens devem indicar onde comer, onde urinar, onde comprar remédios, todo tipo de coisas que elas fariam nas cavernas ou nas casas; de cidade em cidade seria preciso indicar isso, pausadamente. É claro que hoje em dia dizendo-se cidade já se supõe que haja de tudo, todo tipo de Economia (agropecuária/extrativismo, indústrias, comércio, serviços e bancos) para a coleta diária delas, de modo que não é preciso afirmar constantemente, porque está implícito. Mas antes era. Já foi visto em A Noite e os Grandes Espaços, Livro 51, que elas ficam aterrorizadas com os espaços abertos e a noite, tempo da morte e dos predadores, e que os homens devem apaziguá-las.

                            Assim, seria preciso falar da Bandeira Elementar (ar, água, terra/solo, fogo/energia, no centro a Vida, no centro do centro a Vida-racional), da Bandeira da Proteção (lar, armazenamento, saúde, segurança, transportes) e das outras bandeiras. Enfim, COMO É A CAVERNA DE LÁ? Como é a casa em que se ficará durante a viagem (é o carro, o trem, etc., a maior parte do tempo, ou hotéis, motéis e o resto) e a casa no término dela? Há água por perto? Os temores ainda são os primitivos, de milhares e milhões de anos atrás. É preciso pensar que na mente atual das mulheres, construída sobre a mente antiga delas, ainda há na retaguarda a caverna-símbolo, a que elas se referem instintivamente. Nas costas delas sempre deve estar simbolizada a caverna e os homens devem levar em contar essa transição entre o ter-caverna, que é agoraqui, e o não-ter que está no trânsito, o susto e o perigo de se abandonar a caverna querida em busca de aventura. Deve ter sido um custo convencê-las a migrar com o nomadismo (razão pela qual foi preciso levar a caverna-tenda junto, de ponto em ponto).

                            Vitória, sexta-feira, 13 de fevereiro de 2004.

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