sexta-feira, 12 de maio de 2017


A Velhice dos Super-Heróis

 

                            Naturalmente seriam aqueles super-heróis mais conhecidos (Super-Homem, Mulher-Maravilha, Mandrake, Flash, etc.), só que agora velhos e fracos, mas sem deboche, de modo que os vejamos abandonados pelos filhos e parentes, em asilos, contando os superfeitos do passado, quando eram aplaudidos e reverenciados, porém agora sem qualquer platéia, fora uns aos outros. Pode render uma série, se bem feito o primeiro filme. Ainda teriam superpoderes envelhecidos, quer dizer, enfraquecidos, por exemplo, mágicas fraquinhas do Mandrake.

                            Contariam as suas superimportâncias antigas (algumas renderiam filmes, tanto reais quanto em computação gráfica e desenho animado), sendo isso uma franca lição a todos nós que abandonamos os velhos reais, que se não foram super-heróis, pelo menos foram superlegais conosco, como nossos pais e mães, tios e tias, todos nós que agora somos velhos. No meio dos contos os velhos e velhas reais seriam entrevistados, contando o que fizeram antes – podendo-se até fazer algumas reconstituições de época, entrando na questão da relação entre velhos e novos, vendo a questão dos hospitais, dos abrigos, da vida em casa, da vida independente, com uma série de conselhos aos idosos para não confiarem totalmente nos jovens, para se preservarem; e sobre aproveitamento de sua sabedoria, ganha com grande dificuldade nas lutas de seu tempo. Doença e saúde, poupança, trabalho, discussão da dignidade; a brincadeira se presta a um projeto de largo curso dos governempresas, jocosamente dando início a uma grande discussão de fundo.

                            Vitória, quinta-feira, 12 de fevereiro de 2004.

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