sexta-feira, 19 de maio de 2017


A Descoberta de Algo Espantosamente Simples

 

                            A Clara, minha filha, viajou para Ouro Preto, Minas Gerais, para passar o carnaval de 2004 e deixou comigo sua gata, Yuki (em japonês, neve, embora ela seja amarelada). Por conta da coletânea A Expansão dos Sapiens tenho raciocinado sobre os gatos no Modelo da Caverna, chegando a várias compreensões novas, vá ler.

                            A Yuki tem um corpinho minúsculo, muito leve, boca pequena, uma língua que é do tamanho de um dedo mínimo ou mindinho, e treme, a pobrezinha. Ouriça-se e foge à menor aproximação desavisada e de pensar nela aqui, longe da Clara, num ambiente estranho que para ela é hostil me compenetrei dos seres todos e seu permanente estado de abandono, da carência constante que todos sentem de amor e carinho. Pela Internet fiquei sabendo que os gatos vão de dois a dez quilogramas, em geral quatro quilogramas, mas a Yuki parece bem mais leve. E os cérebros devem ser minúsculos, mas não lhes tira a independência, eles optam por si mesmos.

                            Pois bem, lá está a Yuki, pequenina criatura tão necessitada de imenso amor quanto qualquer ser humano; e vemos assim que aquilo de que mais necessitam todos os seres é mesmo de amor, não de comidas, bebidas, pastas e temperos nem de qualquer outra dimensão das (até agora estimadas 18 outras) tecnartes. Só com a presença dela pude entender, depois dos 50 anos, que os seres estão na Terra somente para receber amor, que foi em busca do que vieram, e que tudo de desagradável que ocorre vem em virtude do desamor, o amor que-não-é-dado, ou do que é dado e recusado.

                            Como faremos para que cada ser seja elevado àquelas tão grandes alturas a que o Amor ilimitado levantaria todos e cada um? Como você sabe, essa é a pergunta central com que se debate todo iluminado e todo aquele que pretenda as mais altas soluções ou soberanias para a humanidade. Pois ninguém está aqui pela fama, pela glória, pela riqueza, pela posse, pela exibição e por tudo isso que é externamente apenas a contraparte dessa necessidade verdadeira interna. Cada um está é pela proximidade, pela aceitação que é a cura de tudo, de obesidade (quando vemos um obeso todo aquele peso excedente é equivalente do amor que falta, é o outro lado da balança) e toda doença humana.
                            Vitória, segunda-feira, 23 de fevereiro de 2004.

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