sábado, 12 de novembro de 2016


Dando Cartas

 

Destacam-se, entre os que tenho, dois livros de cartas em admirável trabalho de compilação - além de necessitar de fabulosa atenção - naturalmente muito moroso e dedicado.

RECEBA AS CARTAS QUE LHE DOU (as cartas em papel, enviadas laboriosamente no passado através dos Correios, são bem diferentes dessa profusão de irresponsabilidades da Internet, depois que foi inaugurado o e-mail oficial no mundo em 1989 e no Brasil em 1995: elas eram nobres, meditadas, escritas com apuro – uma das coisas boas do mundo, porisso pretendo comprar muitos livros mais, tendo tempo e recursos)

Márcio Borges (compilação e tradução), Cartas da Humanidade (Civilização escrita à mão, cinco mil anos de história em 141 cartas imemoriais), São Paulo, Geração, 2014.
Shaun Usher (organização), Cartas Extraordinárias (A correspondência inesquecível de pessoas notáveis), São Paulo, Companhia das Letras, 2014.
http://www.adital.com.br/arquivos2/2015/02/2015_03_livro-cartas.jpg
http://thumbs.buscape.com.br/livros/cartas-extraordinarias-shaun-usher-8535925112_600x600-PU6e7b93bf_1.jpg

Estou degustando aos poucos.

Cartas (fora as “abertas”, na verdade manifestos) são escritas um-a-um, são particulares, e a publicação delas é violação de direito da intimidade e do sigilo. Defloramento, sem dúvida alguma, mas perdoável depois da morte dos envolvidos ou com autorização familiar ou nacional. Em todo caso, é de uma grandeza tal que não poderíamos passar sem isso: é uma das maiores doações, permitindo-nos conhecer a familiaridade dos correspondentes.

É tudo de uma doçura tamanha!

Principalmente as cartas antigas, escritas sem o rebuscamento da posteridade e da atualidade, quando os missivistas (em geral reis) diziam as coisas diretamente, sem qualquer encobrimento, como crianças, todos os sentimentos estampados.

Vou comprar muitos livros mais desse tipo.

RAINHA VITÓRIA (com 1,52 m a baixinha era fogo!)

Wikipédia
Legado
Segundo seu biógrafo Giles St. Aubyn, Vitória escreveu uma média de 2500 palavras por dia durante sua vida adulta.[206] Desde Julho de 1832 até pouco antes da sua morte, escreveu em diários frequentemente, reunindo um total de 122 volumes.[207]
De 1832 a 1901 vão 69 anos, vezes 2,5 mil palavras/dia teríamos (69 anos x 365 dias/ano x 2.500 palavras/dia =) 62.962,5 mil palavras; noutra parte li que foram 43 mil páginas, colocando-a perto do topo (se contarmos que numa página de 30 linhas por 70 colunas cabem 2,1 mil caracteres e quatro caracteres formam em média uma palavra, teremos cerca de 500 palavras/página, de forma que chegaríamos a perto de 126 mil páginas, o triplo da outra avaliação).
https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/thumb/a/a1/Franz_Xaver_Winterhalter_Family_of_Queen_Victoria.jpg/770px-Franz_Xaver_Winterhalter_Family_of_Queen_Victoria.jpg
Teve um monte de filhos e cuidou da família: mesmo sendo decorativa tinha muitas atividades. São essas pessoas com extrema criatividade que queremos ler.

É importantíssimo publicar no Brasil e sair colhendo outras correspondências, porque mostram análises do mundo, investigações das pessoas mais significativas. Euler, por exemplo, como já citei várias vezes, escreveu mais de 45 mil páginas de “densa matemática”, mas não foram cartas.

Em resumo, publiquem mais (com as devidas autorizações).

Serra, segunda-feira, 10 de agosto de 2015.

GAVA.

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