Dando Cartas
Destacam-se, entre os que tenho, dois livros de
cartas em admirável trabalho de compilação - além de necessitar de fabulosa atenção
- naturalmente muito moroso e dedicado.
RECEBA AS CARTAS QUE
LHE DOU
(as cartas em papel, enviadas laboriosamente no passado através dos Correios,
são bem diferentes dessa profusão de irresponsabilidades da Internet, depois
que foi inaugurado o e-mail oficial no mundo em 1989 e no Brasil em 1995: elas eram
nobres, meditadas, escritas com apuro – uma das coisas boas do mundo, porisso
pretendo comprar muitos livros mais, tendo tempo e recursos)
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Márcio Borges (compilação e tradução), Cartas
da Humanidade (Civilização escrita à mão, cinco mil anos de história
em 141 cartas imemoriais), São Paulo, Geração, 2014.
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Shaun Usher (organização), Cartas
Extraordinárias (A correspondência inesquecível de pessoas notáveis),
São Paulo, Companhia das Letras, 2014.
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Estou degustando aos poucos.
Cartas (fora as “abertas”, na verdade
manifestos) são escritas um-a-um, são particulares, e a publicação delas é
violação de direito da intimidade e do sigilo. Defloramento, sem dúvida alguma,
mas perdoável depois da morte dos envolvidos ou com autorização familiar ou
nacional. Em todo caso, é de uma grandeza tal que não poderíamos passar sem
isso: é uma das maiores doações, permitindo-nos conhecer a familiaridade dos
correspondentes.
É tudo de uma doçura tamanha!
Principalmente as cartas antigas, escritas
sem o rebuscamento da posteridade e da atualidade, quando os missivistas (em
geral reis) diziam as coisas diretamente, sem qualquer encobrimento, como
crianças, todos os sentimentos estampados.
Vou comprar muitos livros mais desse tipo.
RAINHA VITÓRIA (com 1,52 m a
baixinha era fogo!)
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Wikipédia
Legado
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De 1832 a 1901 vão 69 anos, vezes 2,5 mil
palavras/dia teríamos (69 anos x 365 dias/ano x 2.500 palavras/dia =)
62.962,5 mil palavras; noutra parte li que foram 43 mil páginas, colocando-a
perto do topo (se contarmos que numa página de 30 linhas por 70 colunas cabem
2,1 mil caracteres e quatro caracteres formam em média uma palavra, teremos
cerca de 500 palavras/página, de forma que chegaríamos a perto de 126 mil
páginas, o triplo da outra avaliação).
Teve um monte de filhos e cuidou da
família: mesmo sendo decorativa tinha muitas atividades. São essas pessoas
com extrema criatividade que queremos ler.
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É importantíssimo publicar no Brasil e sair
colhendo outras correspondências, porque mostram análises do mundo,
investigações das pessoas mais significativas. Euler, por exemplo, como já citei
várias vezes, escreveu mais de 45 mil páginas de “densa matemática”, mas não
foram cartas.
Em resumo, publiquem mais (com as devidas
autorizações).
Serra, segunda-feira, 10 de agosto de 2015.
GAVA.



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