Avistamento
de Óvnis
OVNI, objeto voador não identificado, UFO em
inglês.
Ele e ela eram jornalistas, casados, muito
produtivos, freelances, competentes, mas não eram inteiramente verdadeiros, por
vezes inventavam coisas no sentido de ganhar algum dinheiro para levar para
casa o uísque das crianças.
Às vezes forçavam um pouco a barra.
Investigavam essas coisas da moda tipo Iluminatti,
Maçonaria, Rosa-Cruz, ÓVNIS, espíritos, espíritas, as ditas religiões
afro-brasileiras, ficção e fantasia, Wicca, cristais, Stonehenge e druidas,
feiticeiras e bruxos e todo tipo de invenção. Andavam nos limites mesmo.
Precisavam se aproximar do pessoal dos
discos.
Estava muito fechado porque a excessiva
divulgação tinha levado à descrença e pouca gente dava bola. Os participantes
desconfiavam. Descenso geral, colapso das fidelidades, ninguém comprava as
revistas.
Aí pensaram no nome:
·
Objetos;
·
Voadores;
·
Não-identificados;
·
E,
por fim, avistamento.
Pode ser fabricado.
Bom, o avistamento era com eles, eles
avistariam.
“Objetos” eles poderiam providenciar.
“Não-identificados” significava borrar um
pouco a foto e usar outras técnicas em que a Juvanilda era craque.
Tinha o obstáculo dos “voadores”, pois o que
parece simples não é, já que os objetos projetados têm a infeliz características
de obedecer à gravidade, eles são puxados de volta à Terra e fazem curva
parabólica, não seguem reto. Se fotografar durante alguns segundos já vai
mostrar a curva, porisso existem poucos filmes, mais é fotografia mesmo, que
flagra o instante e pode ser tirada no momento em que o objeto é impelido, logo
na saída; ou projetado na perpendicular do horizonte, já que neste caso desce
como numa escada e em cada fotografia ele parece estar indo da esquerda para a
direita ou vice-versa.
É complicado o filme.
Oferecer foto não colava mais, tantos tinham
oferecido fotos que não encantava mais ninguém ver pratos voadores, calotas
voadoras, xícaras voadoras e o resto todo (nunca gamelas voadoras, nem panelas
voadoras, coisas volumosas a que o vento resiste).
Aparício estava projetando um sistema de alta
velocidade e construindo um objeto de mínima resistência quando a NI (nave
identificada) despencou em Mato Grosso.
Serra,
quarta-feira, 18 de abril de 2012.
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